abril 05, 2011

Dora: história doce de Pirenópolis


Pirenópolis nasceu de um arraial minerador do inicio do século XVIII e incrustada aos pés da Serra dos Pireneus. A cidade constitui-se em um dos mais ricos acervos patrimoniais do Centro-Oeste, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1989.
Na cidade misteriosa unem-se as duas vertentes formadoras de uma cultura forte: o bem patrimonial conservado e o pensar e agir dos seus moradores, seguindo tradições hereditárias, que a modernidade ainda não conseguiu abalar. 
A pirenopolina Dora Lúgia, nasceu em 1955, foi criada para cuidar da casa, filhos e marido. Como toda mulher do interior de Goiás neste período. Na adolescência aprendeu a fazer tachos de doces  e artesanato com sua mãe para ajudar na renda familiar. Dora casou e teve três filhas: a simpática Aline, a talentosa Aládia e a linda Alexandra – a que mais gosta da culinária.
Com a vida muito difícil, passando necessidade pela falta de dinheiro, Dora começou a fazer de tudo um pouco para ajudar o marido que trabalhava nas mineradoras locais. “Sempre aparecia alguém para comprar colchas de retalho, almofadas e tricôs”, conta Dora. Com muito custo, Dora começou a fazer doces e biscoitos para vender aos vizinhos. Até que uma amiga de Brasília que trabalhava nos Ministérios passou a lotar o fusquinha de doces e biscoito para vender na cidade grande. E toda semana era o mesmo ritual. Dora montou uma estante em sua sala com potes de vidros com doces e pacotes de biscoitos caseiros.
O marido se aborrecia no horário do almoço com a demanda das vendas no momento de descanso. Foi então que a amiga de Brasília não pôde mais levar as encomendas com o risco de perder o emprego de tantas pessoas querendo os doces da Dora de Pirenópolis, e passou todos os clientes para Dora e suas pupilas.
Era preciso investimento pelo crescente aumento de pedidos de Brasília e da cidadezinha que ganhava espaço no turismo goiano. A solidariedade de amigas cedendo tachos, gamelas, peneiras e colheres de pau incentivou a família aumentar a produção.
Dora conta que “muitas vezes os fregueses davam ideias de armazenamento para grandes produções, pois não tínhamos informações da cidade grande ou de indústrias”. Antes não tinha dia e horário para fabricação de doces, todos diziam que na cidade não havia doce melhor, e nessa empolgação Dora criou o doce de jiló. A receita tem 20 anos, tendo Dora como pioneira na elaboração deste doce.
Foi por causa deste doce esquisito que Dora conquistou fama no Centro-Oeste e sua fama ainda irá ultrapassar o continente.  Os clientes chegavam, torciam o nariz, levavam para dar de presente, quem experimentava comprava mais e indicava. Foi muito conhecido como presente de grego que se saia muito bem.
Hoje, toda família está completamente envolvida na fabricação de quase 1 tonelada e meia de vidros de doces e outras 3 toneladas de biscoitos por mês. Até o marido, que antes reclamava da perturbação ajuda nas vendas e fabricação.  A Dora Doces tem nove funcionarias e não abre de sábado para resguardar seus esforços e agradecer à Deus pelo dom almejado por muitos.

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