Saindo da Villa do Comendador e seguindo pela estrada no sentido contrário à Pirenópolis, em 15 minutos é possível chegar no Hotel Babilônia. Desde 1997, encontra-se aberta à visitação. A atual proprietária, Telma Lopes Machado, mantém a alma da fazenda cenário de novelas globais, também pudera o lugar é lindo e 70% da construção feita por escravos está intacta e o restante restaurado por especialistas variados - uma viagem no tempo em que a simplicidade era sinônimo de riqueza e qualidade de vida.
Ao visitante é oferecido uma palestra com a Telma e o guia mirim, Gustavo de 12 anos apaixonado por história e arte da Babilônia, é percorrido em todos os quartos e espaços das dependências do antigo Engenho de São Joaquim. Todas as explicações históricas, fatos e curiosidades são dadas a respeito de sua origem, funcionamento e manutenção.
Gisele de Freitas é recepcionista do espaço que atende o público diferenciado que visita a fazenda. "São pessoas tranquilas que fazem o passeio para tomar um café colônial do estado de Goiás e se perdem na imensidão da história, esquecendo outros compromissos e problemas sentados na varanda com vista para o Morro da Cruz", resume a recepcionista que afirma ter recebido mais de 250 visitantes e dentre eles 90% participam das explicações contextualizado da querida Telma.
Foi oferecido um cavalo da roça para percorrer as terras da fazenda, um ótimo cavalo por sinal. Enquanto preparavam a cela, conheci a irmã mais nova da Telma, Tânia Pereira Lopes - funcionária pública em Brasília prestes à se aposentar e voltar a morar na fazenda que já pertence à família há quatro gerações. "Quando menina, meu pai me levava para estudar em Pirenópolis à cavalo, e quando chovia aquelas capas de chuva eram utizadas para se proteger da àgua e lama. Voltar para minha casa e morar com minha irmã será um resgate de tudo o que vivenciei nesta terra", explica a sorridente Tânia.
O Padre Simeão Estelita Lopes Zedes comprou o Engenho de São Joaquim por meio dos filhos do Comendador Joaquim Alves, em 1864. Depois da compra, o padre, ao se deparar com os escravos, renomeou-a Fazenda Babilônia, pela semelhança da cidade mítica. O padre, teve filhos, netos e bisnetos - hoje, sua bisneta comanda a Babilônia. A capela da fazenda frequentada pelos brancos tem pintura Barroca do início do século XIX e havia uma janela em treliça para separar os homens das mulheres.
" A maior dificuldade que tive na vida foi transformar uma fazenda totalmente abandonada em um museu vivo de recordação e história. Fui condicionada para casar, gerar filhos e cuidar da casa. Tomar esse passo fez com que quebrasse muitos tabus e olhando para trás, com pouco apoio do meu marido, abri as porteiras da fazenda com parede de pau a pique feita de madeira, bambú, areia, argila e estrume de vaca, para o público mantendo o legado das gerações que aqui passaram e ainda passam por trazer alguns personagens durante a explicação do hotel", narra a proprietária.
Muito confiante e forte, Telma percebe o ramo turístico em Pirenópolis ser modificado para atender aos visitantes com investimento que não preservam a cidade e seus arredores. Já no Babilônia, todo investimento é revertido em restauração e preservação da natureza, história e todo seu legado.
Recomendo com toda convicção à visita, além de experimentar o delicioso café colonial que resgata a antropologia da culinária goiana, parafrasiando a simpática Telma.
Na foto, as três irmãs: Telma, Tânia e Rubia Lopes com a imagem da Nosssa Senhora da Conceição, feita em 1830 pelo artista Veiga Vale.
Um comentário:
Boa noite Rodrigo!!!Obrigada por valorizar a cultura de nosso estado. Fico feliz por ter te sensibilizado com minha história e trabalho. Te espero em outras oportunidades para podermos trocar mais conhecimento já que é tão interessado em nossa cultura!!
Abraços,
Telma Lopes Machado
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