novembro 06, 2010

Obras de Monteiro Lobato podem ser censuradas por racismo

Monteiro Lobato: alvo de censura

Próximo da comemoração do centenário das obras literárias de Monteiro Lobato, Antonio Gomes da Costa Neto, servidor da Secretaria de Educação do Distrito Federal [claro, onde mais?], denunciou à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial o livro Caçadas de Pedrinho afirmando trechos racistas e incitam o preconceito contra negros.
Uma das passagens citadas pelo delator é a descrição da Tia Nastácia quando sobe numa arvore para escapar das onças “que nem uma macaca de carvão”. Outro exemplo foi narrado na passagem onde Emília adverte sobre a guerra das onças contra o Sítio, alerta: “Não vai escapar ninguém, nem tia Nastácia, que tem carne preta”.
Monteiro Lobato e suas obras:
Toda fábula de Lobato que se preze apresenta personagens próprios para despertar nas crianças o gosto pela leitura, dando asas para imaginação com bonecas falantes, seres míticos, bichos e frutos quase humanos. Desde a década de 20 as histórias do Sítio do Pica pau amarelo faz parte da literatura nas escolas públicas e particulares de todo país. A TV Globo apresentou por três gerações episódios no formato de novela no horário destinado às crianças. E quem de nós, seja pelos livros na escola ou narrados pelos pais ou até mesmo na televisão não deu asas para imaginação com Pedrinho, Emília, tia Nastácia, Vó Benta, entre outros personagens?
Cultura:

Na década de 1920 no Brasil, observamos o tenentismo – seus participantes eram tenentes ou capitães do exército que pronunciavam incontáveis levantes militares, a crise não apenas econômica, mas também social, política, ideológica e cultural, colocava em discussão toda estrutura política conhecida como República Velha.

Neste cenário de revolução cultural e ideológica, Monteiro Lobato iniciou suas obras para o público infanto- juvenil e para os pais, claro, relembrarem da infância. Inserir tia Nastácia em uma obra literária neste período de forma natural foi uma das maneiras possíveis de abordar com a linguagem inocente a presença da tia negra – reconhecida como mãe de seus próprios filhos.

Nos tempos atuais, o preconceito está na cabeça de quem é preconceituoso. Não existem mais barreiras que dividem faculdades americanas, bares, igrejas e espaços públicos em blocos de cores de pele. Não mais e nunca mais!

Desafio ao delator:

Muito fácil achar piolho na cabeça dos carecas (desculpe Serra, Arruda e Costa Neto), difícil mesmo é superar obras como Monteiro Lobato. O professor acadêmico da Universidade de Brasília em relações internacionais poderia dedicar um pouco do seu tempo para fazer uso da imaginação com seus filhos, ou quem sabe, netos e ao som da música Gabriel de Adriana Calcanhoto descrever contos como os de Lobato.
Então fica o desafio: o tempo gasto para entrar com esse pedido de censura seria muito melhor administrado na elaboração de contos à altura do Sitio do Pica Pau Amarelo para concorrer nas escolas públicas brasileiras.

Nenhuma censura é louvável, tendo em vista o tempo da ditadura militar. O Brasil já passou por essa fase e de tão suja e podre nunca mais teremos um episódio desses em nossa história.


2 comentários:

Rejane disse...

Que absurdo!
Eu cresci lendo os livros infantis de Monteiro Lobato e estou longe de ser racista!
Essa turma tem mais é que ir trabalhar ao invés de inventar estórias com o tempo ocioso...
Você disse muito bem. Quem é que se abilita a escrever livros à altura de Lobato?

fabiana disse...

Não creio que as belas obras do Monteiro Lobato sejam racistas.Penso que ele utilizava esses recursos para abrilhantar e dar um amplo sentido a suas obras,que por sinal são maravilhosas.Juntos temos que acabar com essa censura inadimiscível.


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