novembro 19, 2010

Morada da infância


Tenho um tio muito parecido comigo fisicamente e temos uma relação que o tempo não desgasta. Nossas conversas são independentes e ao mesmo tempo divertidas, eu o escuto da mesma forma que ele me escuta. Durante última conversa ele ficou de enviar algumas fotos que fariam lembrar um pouco de quem sou e da onde vim para escolher melhor meus próximos passos. Obrigado, Lau!

Nessa casa, toda enfeitada já não teve segundo andar e seus degraus eram enormes. Morada do Apolo, Cinira, e outros totós que cuidamos. Foi morada também de gatos, dezenas de gatos que se alimentavam da bondade da minha mãe. Houve o Freud, um hamster que morreu de tanto comer! Nessa casa, cresci. Meus amigos cresceram nela, o povo do Eco almoçava com a tia Lúcia e ria com a seriedade do tio Emerson.

Na adolescência era a casa das festinhas populares da 2° gleba, quando fiz 18 anos chamei 20 amigos para celebrar a data festiva, um falou para o outro e a casa recebeu mais de 150 convidados, alguns íntimos, outros nem tanto e tinha aquele desconhecido perguntando ao aniversariante quem estava completando anos. Foi nessa época que minha irmã ficou mocinha e chamava atenção dos meus amigos, e eu quase morria de ciúmes!

E com o tempo a casa diminuiu. Os degraus estão menores, bato minha cabeça no teto quando subo a escada. Abandonamos a casa, mas não vendemos, com a esperança de que seus donos retornem com suas manias e alegrias de domingo, reunindo a família e jogando truco na sacada. Mas isso é uma esperança cheia de ilusões. É uma vontade, um retorno à criança interior que encontramos vez ou outra.

Fico pensando nos visinhos, são os mesmos? Morreram? Tiveram filhos? Continuam cuidando de gatos e cachorros da rua? Penso também na área verde – parque São Domingos, ao lado de casa, e como estão as árvores? Nossa arvore vingou e cresceu? Deixamos muita coisa para trás na busca de conhecimento e melhorar a vida. Lembro do Parque Toronto onde fazíamos caminhada observando os patos da lagoa rodeados de papiros egípcios.
Bate uma saudade nostálgica da casa da Anna Banana, Tio Emerson, Tia Lúcia e Smokão. Infância é tudo de bom, adolescência é melhor ainda. Envelhecer com essa nostalgia é emocionante. Compartilho com vocês a casa dos moradores distantes. A casa abaixo era um reduto na Vila Caiçara onde toda família se encontrava nos finais de semana e feriados para aproveitar a praia. Era uma casinha de um quarto, sala, banheiro e cozinha e já teve dias de receber 35 hóspedes. Meu avô não deveria ter vendido esse ponto de encontro que aproximava e encantava a todos! Muitos já dormiram ao relento pelo vinho ingerido. Oh tempo bom!


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