fevereiro 17, 2011

Morre jornalista da velha guarda brasiliense: Seninha

Com informação do Blog do Turiba
 
O jornalista e poeta Clóvis Sena, importante figura histórica da imprensa brasiliense, foi enterrado ontem no cemitério Campo da Esperança, em Brasília. Seninha, como era conhecido, chegou à capital para cobrir sua inauguração, em 21 de Abril de 1960, e daqui nunca mais saiu.
 
Um grupo da Velha Guarda do jornalismo da capital, no momento da despedida final, resolveu prestar a última homenagem ao colega querido propondo a todos os presentes no velório que o futuro auditório do SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO DF, a ser inaugurado em breve na nova sede, tenha o nome de CLOVIS SENA, para que sua memória venha a ser mantida viva na categoria. Todos os presentes aplaudiram a iniciativa e sua viúva, Gladis Sena, se disse honrada com a homenagem.
Coube ao colega ACQ escrever uma carta ao atual presidente do SJPDF, transmitindo a idéia da homenagem. Eis a carta:

 
Ilmo. Sr.
Lincoln Macário
Presidente do Sindicato dos Jornalistas do DF

Presidente,

Como é do seu conhecimento, acabamos de perder o jornalista, poeta e escritor maranhense Clóvis de Queiroz Sena, pioneiro de Brasília e importante figura na história do nosso Sindicato.

Clóvis de Queiroz Sena morreu nessa terça-feira, 15, em decorrência do agravamento de um câncer, e foi enterrado hoje no final da manhã, no Campo da Esperança.

Na despedida final, o nosso colega Luiz Turiba fez uma sugestão que agora, em nome da Velha Guarda dos Jornalistas do DF, encaminho a você e à diretoria do SJPDF: a de homenagear o Seninha, como o chamávamos, dando o seu nome ao auditório da futura sede do nosso Sindicato.

Clóvis Sena foi fundador do Sindicato dos Jornalistas e do Clube da Imprensa de Brasília. Foi também presidente do Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados no período 1985-86.

Ele iniciou sua carreira jornalística no Jornal do Povo de São Luís, nos anos 50, exercendo as funções de repórter, redator, cronista e crítico de assuntos culturais. Na gestão de 1955-56, foi diretor da União Nacional dos Estudantes. Além de jornalista, Sena destacou-se como crítico de cinema e de música erudita, poeta e escritor.

Clóvis Sena era um democrata radical, e defendia a ideia de que os jornalistas devem tomar posição, sem prejuízo da objetividade. Como militante, cerrou fileiras com lideranças da oposição à ditadura militar, entre os quais Neiva Moreira, do antigo Partido Social Progressista (PSP), um dos primeiros cassados após o golpe de 1º de abril de 1964, e que participou da organização do PDT de Leonel Brizola no período da redemocratização.

Em Brasília, passou pelas redações do Correio Braziliense, do Jornal de Brasília, do Diário de Brasília, dos semanários José, O País e O Semanário, e dos Cadernos do Terceiro Mundo. Durante 25 anos, foi correspondente do Correio do Povo, de Porto Alegre. Foi também servidor da Câmara dos Deputados.

Sena foi ainda membro do Conselho de Cultura do Distrito Federal; do Júri Nacional de Cinema e de diversos júris de festivais de Cinema de Brasília e de Gramado; da Associação Nacional de Escritores; do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal; e da Academia Brasiliense de Letras. Ocupava a cadeira número 5 da Academia Maranhense de Letras. E foi vice-presidente da Associação Cláudio Santoro. Em 2006, recebeu o título de Cidadão Honorário de Brasília da Câmara Legislativa do DF.

São de sua autoria as obras: Neiva Moreira, testemunha de libertação (depoimento). Brasília: Movimento Brasileiro pela Anistia, 1979; Flauta rústica(romance). Brasília: Thesaurus, 1984 (2.ed., Thesaurus, 1985);Jornalismo de Brasília: impressões e vivências (co-autoria).Brasília: Lantana Comunicação, 1993; A queda de Ovídio (poema), distinguido com o 1º lugar do Prêmio Nacional de Literatura da Fundação Cultural do Distrito Federal, 1987; O senhor da cerimônia (poema), 1985; O arquipélago (poemas), 1989; Muitos cajus da vida (poema), 1990; Mitolavratura (poema), 1991; Poema do continente e das ilhas, 1991.

Um depoimento dele sobre sua carreira e sobre as mudanças políticas ocorridas no País em meio século foi colhido pelo jornalista Paulo José Cunha para o programa Comitê de Imprensa, da TV Senado (http://tinyurl.com/4rqqtmz) Nesse documentário ele conta que veio para Brasília, entre outras razões, por achar que aqui o céu ficava mais perto do chão.

Outro depoimento dele, sobre a história do nosso Sindicato e do Clube da Imprensa, está no vídeo "Cadê o Sindicato que estava aqui?", à venda no SJPDF.

Por toda essa trajetória de lutas em defesa das causas democráticas e populares, e por sua importante contribuição à nossa categoria profissional, é que, em nome da Velha Guarda dos Jornalistas do Distrito Federal, me dirijo a você e à diretoria do SJPDF para apresentar a sugestão do Luís Turiba, de dar ao auditório de nossa futura sede no Setor de Indústrias Gráficas, o nome do nosso querido companheiro Clóvis Sena.

Honrar o nome desse lutador é uma obrigação de todos nós que queremos a valorização de nossa categoria.

Cordialmente,

Antônio Carlos Queiroz, em nome da Velha Guarda dos Jornalistas do DF

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